Um pouco da minha vida, com uma pitada de sentimento.

Hoje o meu dia foi basicamente comer e dormir.

Ontem fui com a minha mãe deixar a minha irmã em um aniversário. No som do carro tava tocando Leila Pinheiro e teve uma música em especial que me tocou. Eu já tinha ouvido a essa música com a interpretação da Gal Costa, mas a Leila dá um sentimento diferente pra música, que fez eu me identificar. Reflete muito o que eu sinto das pessoas com que relaciono aqui no Rio. Vamos à música depois eu comento.

Onde Deus Possa Me Ouvir
Leila Pinheiro
Composição: Vander Lee

Sabe o que eu queria agora,
meu bem?
Sair, chegar lá fora
e encontrar alguém
que não me dissesse nada
não me perguntasse nada também

Que me oferecesse um colo,
um ombro
onde eu desaguasse
todo o desengano
mas a vida anda louca
as pessoas andam tristes
meus amigos são amigos de ninguém

Sabe o que eu mais quero agora,
meu amor?
Morar no interior do meu interior
pra entender por que se agridem
se empurram pra um abismo
se debatem,
se combatem, sem saber

Meu amor,
deixa eu chorar até cansar
me leve pra qualquer lugar
aonde deus possa me ouvir
minha dor,
eu não consigo compreender
eu quero algo pra beber
me deixe aqui, pode sair
adeus .

Pode parecer um pouco preconceituoso da minha parte, mas tentem entender meu lado. Eu saí da minha cidade com 16 anos pra vir morar aqui contra a minha vontade, tendo que deixar amigos e parte da minha família pra trás. Quando eu cheguei aqui não conseguia fazer nenhuma amizade, a não ser com um chileno que também era recém chegado. Nos seis primeiros meses chorava o tempo todo. Depois não vou dizer que melhorou, mas aliviou. Achei uma boa academia de Taekwondo, e voltei a praticar. O que me ajudou muito a me concentrar no esporte e esquecer as dificuldades.
Quando eu entrei na faculdade as coisas melhoraram, ai sim posso dizer que fiz novas amizades, inclusive arranjei um namorado (apesar de não estarmos mais juntos). Mesmo assim eu ainda passava a maioria dos meus fins de semana em casa.
Hoje já sei definir bem quem são meus amigos. Tive que me adaptar ao comportamento das pessoas daqui pra sobreviver. E aceitar muito algumas atitudes dos cariocas para consegui me relacionar. Mesmo assim nenhum deles se compara aos meus antigos amigos. Lembro que quando eu queria colo e alguém pra simplesmente me escutar, lá estava a minha querida amiga pra me dar um colo e pro que eu precisace. Aqui todos gostam muito de falar, falar e falar. As pessoas dão entender que são amigas por conviniência, tipo... quando elas precisam, ou quando tá tudo bem elas então ali, mas quando eu preciso, onde elas estão?De uma hora pra outra nos descartam como se fossemos qualquer coisa sem sentimento.
Não posso negar que já tive momentos maravilhosos aqui! Só que a música me fez pensar nisso. De outra vez prometo falar de coisas boas, que também tem. Tanto que atualmente fico muito dividida entre a minha cidade e o Rio.

Já tô chata então vou parar por aqui.
Beijo pra vocês leitores